quarta-feira, 15 de junho de 2011

Homenagem à minha Melzinha

 Mel, até agora eu não consegui entender o que aconteceu meu anjo, você, sempre tão forte, tão independente, tão guerreira, foi nos deixar assim, de uma hora para a outra, por um motivo tão bobo e que te causou tanta dor e sofrimento. Me sinto triste, muito triste por ter te perdido, mas me sinto feliz, muito feliz por ter tido a oportunidade de ter você tanto tempo ao meu lado, mesmo às vezes eu não merecendo.



 Já tive inumeros gatos na minha vida, mas jamais vou me esquecer do dia em que te vi pela primeira vez, eu havia ido à um parque de diversões que estava montado onde hoje é o Itu Novo Centro, não me lembro exatamente a data, mas era um domingo, imagino que 19 de novembro de 2006. Eu estava lá com uma amiga e sua família, já tinhamos ido em alguns brinquedos e estávamos indo embora quando resolvemos olhar os animais que estavam sendo doados pela Zoonoses e você estava lá, naquela gaiolinha.

 Tenho certeza que o destino me colocou ali, naquele lugar tão improvável de eu estar, naquele momento, para que eu olhasse para você e sentisse que deveria te levar para casa, haviam outros vários gatos na mesma gaiolinha que você, miando desesperadamente, mas você estava lá, entre eles, tão pequena e dormindo. Eu num tinha a intenção de levar um gato para a casa novamente, eu já havia sofrido muito por perder gatos anteriormente e, eu sabia, que minha mãe não ficaria muito feliz com a ideia de eu ter mais um gato.

 Mas ali, naquele momento, algo dentro de mim me fez dizer à minha amiga "Eu vou levar àquele gato", eu ainda nem sabia se era macho ou fêmea, e falei para a moça da Zoonoses que te levaria, exitei várias vezes, pensei, pensei e pensei enquanto assinava o termo de adoção onde te chamei de Mallory, mas por algum motivo que agradeço até agora eu não desisti e sai com você de lá.

 Me lembro também que no caminho me arrependi por alguns momentos, estava voltando apé para casa, com você no colo e você, estava tão desesperada, me arranhando e mordendo tanto que, passou pela minha cabeça voltar e te devolver, eu lembro o sentimento que tive e lembro que por algum motivo maior, talvez o mesmo que tenha me levado até a gaiolinha onde você estava, não desisti de você e te levei para a casa. Naquele mesmo dia, formou uma tempestade horrível e fiquei em casa, era para ter um rodeio onde o parque estava montado e até foi cancelado e, me lembro que você me fez companhia, e essa foi a primeira vez em muitas que você me fez companhia.

 Melzinha, jamais me esqueci desse dia, dessas sensações, porque por diversas vezes eu agradeci por não ter mudado de ideia, agradeci por ter estado ali naquele exato momento e por ter tomado a decisão que certamente foi uma das mais felizes da minha vida, pois eu não levei só um gato para a casa, levei uma companheira e amiga que se eternizou em meu coração.

 Sei que, sempre fui um pouco "Felicia" com meus animais e você sempre foi muito independente, não gostava de dormir comigo, sumia e eu tinha que ficar te procurando, quantas vezes não me lembro de ter chegado à noite da faculdade naquele frio e ter ido pegar a escada para te salvar porque estava em cima do telhado e por algum motivo que não entendo (você era um gato) você ficava miando e não descia e, eu, que não dormia sem você, ia te salvar.

 Meu apego era tanto que eu tinha muito, muito medo de te perder, você fazia parte de mim, era sempre a minha companhia, depois que você entrou em minha vida eu não ficava mais sozinha e você era muito importante para mim. Jamais me esqueço de um amigo que percebeu isso, ele também tinha um gato, e esse amigo sem imaginar o quão especial era o que ele estava falando uma vez disse " Olha como a Val olha para a Mel, ela olha diferente do jeito que olha para os outros gatos", ele sem querer, sem imaginar, percebeu que você havia me cativado, que para mim, apesar de haver milhões de gatos no mundo, voc~e era a única, a minha Melzinha.

 Me lembro também que esse medo de te perder fez com que eu a deixasse "engravidar" e após fiquei com uma de suas filhas, que até hoje não tem um nome oficial, porém é chamada de "Sara", eu sentia por ela o mesmo que senti por você, mas tendo ela comigo eu consegui te libertar, eu sempre soube que você nunca gostou do meu jeito "Felicia" de ser e que queria ser mais livre, não ter de dormir no meu quarto todas as noites e passear um pouco por ai. Acredito que substitui o meu apego, mas nunca, nunca, jamais, deixei de gostar de você, apenas aprendi a respeitar o seu jeito de ser, que era diferente da Sara que já adorava se enrolar no meio das minhas cobertas.

 Depois também, o mesmo medo me fez ficar com uma filhote da Sara, a Phoebe, que por algum motivo é ainda mais carinhosinha que vocês duas e acredito que, não ao extremo, aprecie meu jeito de querer vocês o tempo todo.

 Mel, eu não me preocupava muito com você, e não é por maldade, não é porque eu não gostava de você, aliás, você sabe, sempre que te via te dizia que te amava, assim como faço com as outras duas. A diferença é que, você era independente, você passava dias fora de casa mas eu sabia que ia voltar morrendo de fome, você não gostava de dormir presa, mas eu sabia que estava lá, te vi várias vezes doentinha e você, mesmo sem os melhores cuidados foi forte para superar, acho que eu pensei que era uma heroína, que ao invés de 07 tinha um milhão de vidas, porque para mim você jamais sairia da minha vida.

 Nos últimos anos, acredito que nos últimos 02, eu te vi bem doentinha, com problemas no útero que te deixou bem magrela, com problemas no pulmão que me fez achar que você não ia aguentar, mas você sempre superava, parecia que sozinha resolvia todos os seus problemas. Infelizmente, eu não tive condições de cuidar tão bem de você antes, e felizmente você sempre foi forte e superou tudo isso sozinha.

 Em novembro eu pude te operar como você precisava, foi difícil porque antes da sua cirurgia você ficou uma semana sem aparecer em casa, e me lembro bem que, no dia que você chegou, mais ou menos umas 20h00 eu te enfiei na caixinha e te levei no veterinário correndo, sorte que ficava aberto até às 21h00, e sua filha Sara estava lá, vocês foram operadas no mesmo dia, um feriado e ficaram muito bem.

 Após, eu estava toda orgulhosa e te mostrava para todo mundo, a Minha Melzinha antes tão doentinha estava bem, estava bonita, muito cuidada, não podia mais ser chamada de magrela (aliás como você engordou) e eu estava muito feliz e completa, como me sentia quando estava com vocês três por perto.

 Jamais vou esquecer das suas manias, de roçar na perna de todos que fossem à cozinha e miar desesperadamente pedindo a carninha que a sua "avó" te acostumou a comer, de não comer a ração se estava parada no potinho, mas se eu apenas fosse lá e mudasse a posição comia, de tomar água no bide do banheiro, de ficar miando na minha janela para entrar e para sair e dos locais em casa onde sempre estava deitada, em cima do sofá, na cadeira do escritório, no arquivo do escritório e na mesa do telefone.

 Ainda estou olhando esses lugares e procurando você, ainda não acredito que você não vai voltar, porque a Mel sempre volta para casa, a Mel é forte, a Mel é independente. É engraçado que, com esse negócio de viajar para fora do país, eu cheguei a comentar com alguém que tinha mais preocupação com as duas mais novas, pois você era autosuficiente e sabia se virar sozinha.

 Te levei no veterinário na semana passada por uma ferida no pé, antes não tivesse levado e você tivesse ficado com a patinha inflamada, talvez assim, não tivesse saído para caçar, antes eu não tivesse aberto a porta para você na sexta à noite quando eu estava tirando o meu cochilo e você ficou miando insistentemente para sair de casa, antes eu tivesse te trancado em casa, não tivesse te dado tanta liberdade, não sei, fico imaginando o que eu poderia ter feito para ter evitado, e sempre chego à mesma conclusão: NADA!

 Eu tenho certeza que você sofreu com o que aconteceu, que não foi indolor, você passou por uma cirurgia delicada, ficou com àquela cara de boba que foi a última que vi em você, mas também tenho certeza de que, no momento que pegou àquele passarinho (infeliz) você se sentiu uma heroína, uma caçadora, porque era seu instindo, e claro, sei que uma vitória não vale uma vida, mas espero que tanha valido a pena para você e tenho certeza de que, mesmo se você soubesse o que ia acontecr depois, teria feito a mesma coisa, não tinha como evitar, é o que você era, uma gata, linda e livre que certamente se sentia vitoriosa quando conseguia sua presa.

 O que aconteceu me fez pensar muito na vida, Melllllll doeu muito e como doeu, ainda doi e eu estou segurando para não começar a chorar novamente, e aconteceu justo agora que eu vou viajar, justo depois de eu ter sonhado que alguém me dizia que vocês, minhas gatas, ficariam bem comigo longe e que estariam esperando por mim quando eu voltasse. O que aconteceu me fez pensar muito, tantas vezes eu mereci te perder e te pedi justo quando você estava melhor, assim, de uma hora para outra, por uma bobeira que jamais podia imaginar.

 Mas tenho que aceitar, é difícil, doi, mais tenho que aceitar, espero que você, dai onde está olhe por sua filha e sua net que são muito importantes para mim enquanto eu estiver fora, chego até a pensar em não viajar, mas você, livre como era não iria querer isso.

 Você pode ter certeza que você foi uma das coisas mais importantes que aconteceu na minha vida, você me deu um presente maravilhoso que é a sua filha, que me deu um presente maravilhoso que é a sua neta, e me troxe muitas alegrias. Só tenho à agradecer por tudo e me desculpar se não cuidei melhor de você, tenho certeza que foi assim porque tinha que ser, mas queria muito, muito, muito ter você de volta, para poder dividir uma ração de saquinho em três e depois ver que você foi a que mais comeu e ainda ficou lambendo o chão.

 Mel, Mel, Mel, vou sentir sua falta, nunca vou te esquecer, será eterna em minha memória e espero que esteja bem onde estiver e descanse em paz. Obrigada por tudo e Adeus meu anjo. Te amo eternamente!


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