segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Hurricane Irene e uma Fugitiva

 As primeiras informações que tive sobre o furacão Irene foram na terça-feira da semana passada, isso mesmo, o mesmo dia que teve o terremoto, e fiquei digamos assim aparavora... É terremoto num dia, furacão chegando no outro, de verdade, não estou acostumada com isso. O mais difícil é que não sabia o que pensar, as informações que eu tinha vinham de sites e das meninas brasileiras que fizeram o treinamento comigo.



 A minha host family ia viajar na quarta-feira para Maine e só voltaria no domingo, ou seja, eu estaria sozinha e num sabia nem ao menos o que pensar. Na quarta-feira acordei super cedo para perguntar para a minha host, antes de eles viajarem, sobre o furacão, pois estavamos localizados exatamente no caminho dele, na Costa Leste dos Estados Unidos. A preocupação deles com isso era como se estivesse anunciado no canal do tempo que teria uma garoa no final de semana e isso me deixou mais ainda sem saber o que pensar.

 Foi uma situação complicada, acho que me senti mais curiosa do que realmente preocupada ou com medo, é engraçado isso, mas tive aquela sensação de que isso nunca vai acontecer comigo e, graças a Deus, realmente não aconteceu.

 Fiquei um pouco mais preocupada e um pouco mais aliviada ao mesmo tempo quando, na sexta-feira, minha host me mandou uma mensagem me dizendo que antecipariam a volta deles de Maine, isso porque, o fato de eles não estarem preocupados me preocupava.

 Aqui na nossa região ela não chegou com muita força e deixou de ser um furacão e se tornou uma tempestade tropical (seja lá o que isso quer dizer), sei que ventou muito, choveu muito, muitas árvores cairam, muita gente ficou sem energia, tiveram locais alagados, mas, para os estragos que um furacão poderia causar, não foi nada.

 Estou nos Estados Unidos há menos de dois meses e já passei por um terremoto e um furacão, ambos não me atingiram de forma alguma, mas isso é demais para mim. Ainda bem que sempre tive sorte com o tempo e que a previsão do tempo nunca acerta comigo, é capaz desse ano, nevar apenas por um dia para eu ver a neve e depois voltar a ficar calor rsrs

 Para esse final de semana, eu já tinha programado com outras Au Pairs uma viagem para conhecer as Cataratas do Niagra e, fiquei um pouco na dúvida sobre ir ou não ir, mas como agente já tinha pago pela viagem, a outra opção era ficar em casa esperando o furacão chegar e, o local onde iamos estava totalmente fora do caminho da Irene, lá fomos nós.

 Quando voltamos de viagem a Irene já tinha passado, e só vimos os rastros dela pelo chão e ainda ventava muito forte.

 Literalmente nós fugimos da Irene, e passamos um final de semana ótimo, conheci as cataratas, fui num cassino pela primeira vez, claro que não foi em Las Vegas, mas valeu, e me diverti bastante com as meninas. A viagem foi ótima mas passamos, muito, muito, muito tempo dentro do bus rs.

 Acho engraçado que, no Brasil para fazer uma viagem com essa distância de carro tinha que ser pelo menos por uma semana, essa foi por menos de um dia inteiro e acho que valeu a pena, passamos mais tempo no Bus do que lá, talvez se tivesse mais gana, poderia ter conhecido melhor o Brasil.

 A única coisa ruim nisso tudo é você voltar para casa depois de uma viagem e não sentir aquela sensação reconfortante de dormir na sua própria cama, de não sentir aquele gostoso estou em casa, porque, não me sinto em casa. E quando dormir em um quarto de hotel é muito melhor do que dormir na sua própria cama, é algo para ser pensado.

 Agora só gostaria de agradecer a oportunidade de estar bem, de ter me divertido, de poder estar aqui, de poder viajar e de, apesar das saudades imensas, saber que, mesmo estando longe tenho lá a minha caminha esperando por mim quando eu quiser voltar e isso é muito bom. Obrigada!

  




quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Relato dos primeiros 45 dias de uma Au Pair

"Saímos pelo mundo em busca de nossos sonhos e ideais. Muitas vezes colocamos nos lugares inacessíveis o que está ao alcance das mãos." Paulo Coelho

 É difícil saber por onde começar, se eu fosse escrever para as futuras Au pairs poderia desencorajar muitas, mas também, encorajar outras, mas como a intenção é apenas dizer o que estou sentindo, vou começar usando a sinceridade.

 Não tem como eu dizer em um post tudo o que me aconteceu nesses últimos 45 dias, ou mais, pois há tempos não posto nada no meu blog, mas para uma Au Pair, toda aquela preocupação com o que trazer na mala, visto, carta de motorista, despedida, é bobagem com o que vai acontecer depois que você chegar aqui. Cada um tem uma forma de encarar as coisas da vida e eu, apesar de ser dramática, sempre fui forte, sou daquelas que se doer eu vou chorar, espernear, e depois, pronto, passou, mas existem horas que agente não consegue encontrar forças, que agente não quer mais e, de qualquer forma, mesmo não sendo forte, ou não querendo ser forte, você vai ter que dizer pronto, passou.

 Acho engraçado que, minha mãe, não queria que eu viesse, ela me deu suporte, mas ao mesmo tempo ela me desencorajava e eu me lembro de ter tirado sarro dela uma vez, ela me disse que eu voltaria em dois meses, e eu, toda corajosa, toda sabendo que faria algo maravilhoso em minha vida respondi que, na verdade em dois meses ela viria aqui para me buscar. Conclusão: Com duas semanas aqui, eu liguei para minha mãe e para o meu irmão, chorando muito e dizendo que queria voltar para a casa, que não aguentava mais, e essa não foi a única vez que isso aconteceu e, quem me conhece sabe que tenho um pinguinho de orgulho que não me deixaria fazer isso, a não ser que eu estivesse desesperada.

 Esses meus primeiros 45 dias aqui foram uma mistura de conhecer gente nova, algumas pessoas que já são especiais, conhecer lugares novos, de gastar dinheiro e de sofrimento de muitos tipos... Meu Deus como é difícil essa adaptação!!! Eu achei e, ainda acho as vezes que vou enlouquecer, sou instável, mas nunca mudei tanto de idéia em tão pouco tempo e nem me senti tão confusa quanto nesses dias. Já pensei em voltar para o Brasil, cheguei à procurar passagens para a semana, já pensei em voltar para o Brasil em janeiro, já pensei em extender meu programa, já pensei em terminar o programa e depois voltar, e o que mais pensei foi "O que estou fazendo aqui?". Em uma das noites, após de um dia horrível, eu deitei na minha cama e rezei (a minha maneira) e perguntei para Deus qual era o sentido disso, porque eu estava aqui, e a primeira coisa que senti foi saudade de casa, das minhas gatinhas, da minha mãe, do meu irmão, do meu pai, da minha cama, do meu quarto, e da minha vidinha confortável que estava de cabeça para baixo mas eu podia controlar. Essa sensação me fez pensar que eu vim até aqui para descobrir que tudo o que eu preciso eu tenho na minha casa, talvez seja esse o motivo de eu ter vindo, ou não.

 Motivos de sofrimento: 

 - Existem pessoas no Brasil que sabem falar inglês, outras que acham que sabem, ou que sabem falar inglês com brasileiros, eu não me encaixava em nenhuma dessas categorias, tinha consciência de que meu inglês era ruim, mas me comunicava muito bem nas minhas aulas, então achei que não teria tantos problemas, um dos maiores sofrimentos, as pessoas falam diferente aqui, falam mais rápido, tem sotaque e, principalmente não me entendem, porque eu tenho sotaque. Quantas vezes não deixei de falar por medo de errar ou não encontrar palavras, quantas vezes estava falando e faltou vocabulário e não consegui terminar, quantas vezes não entendi o que os outros queria dizer, e quantas dores de cabeça após ouvir vários americanos falando ao mesmo tempo. Estou melhorando, mas meu inglês ainda está horrível.

 - As crianças: Minha família aqui tem 04 crianças, já falei sobre isso, os dois meninos mais velhos parecem adultos para mim, não me dão trabalho, agora tive muitos problemas com os dois mais novos, em primeiro lugar sou a primeira au pair da família e eles não entendem muito bem, em segundo lugar aqui os filhos choram e os pais dão tudo, ou seja manhã para eles é apelido, em terceiro lugar, acho que é universal, as crianças ficam insuportáveis perto dos pais, em quarto e o mais importante, o que nunca me aconteceu no Brasil em um mês em uma escolinha com 60 crianças, eles me batem, exatamente, eles empurrão, chutam, e inclusive tomei uma mordida que me deixou uma marca daquelas no braço, o respeito das crianças pelos mais velhos aqui é 0 e, mesmo quando eles fazem isso com os pais, os pais aceitam, as vezes, no máximo um time out de 5 minutos. Mas também as vezes eles são ótimos, por exemplo, ontem tive um dia maravilhoso com eles, é claro que não foi perfeito, mas foi muito bom.

 - Saudades: Não precisa nem comentar neh??? Mas o pior nesse ponto, é que quando bate a saudade você não tem nenhum suporte, não tem aquele amigo em que posso confiar, não tem sua gatinha pra abraçar, não tem nada que lhe seja familiar e te faça sentir melhor e não adianta, internet ajuda, mas não diminui a distância, estou falando aqui de calor, de ter as pessoas perto, de olhar nos olhos e não através de uma câmera.

 Com tudo o que me aconteceu durante esse tempo, eu procurei passagem para ir para o Brasil, pedi rematch, tentei desistir do programa, mas ainda estou aqui e agora me sentindo melhor, claro que os problemas existem, a saudade bate, mas aos poucos as coisas vão melhorando, você pode até passar a gostar da sua host family e você pode aproveitar que está aqui para aproveitar. Tem duas coisas maravilhosas para se fazer aqui, viajar e comprar. Nem preciso dizer o quanto é gostoso ir nas lojas e comprar aquelas coisas de marca absurdamente caras no Brasil por um preço bem mais acessível e viajar é sempre bom.

 Ainda não me descobri, não mudei 100%, mas aprendi bastante coisa aqui, principalmente relacionada a família, um dia, talvez eu vou ter a minha e esse aprendizado será bastante importante, principalmente em relação à criação dos filhos.

 Eu adoraria escrever e dar detalhes de tudo, de como me senti quando cheguei aqui, de como foi minha primeira e segunda e terceira viagem com a família, de como é gostoso passar uma tarde de domingo em Boston, das pessoas que conheci aqui, mas, como esse tempo todo estava pensando em desistir, desisti do meu blog também.

 Em novembro vou realizar meu sonho de criança: Disney, em janeiro vou para o Brasil matar um pouco das saudades, ou criar mais saudades, mas ainda estou aqui, e sei que há uma razão... Então só o que tenho a dizer é obrigada pela oportunidade, pelo coragem e por tudo. Existem pessoas com milhões de planos que não colocam em prática, eu posso até errar, mas tento fazer o que meu coração acredita ser certo e com isso estou aqui...