terça-feira, 1 de maio de 2012

O que a minha agência de "Au Pair" não me contou

 Hoje é um dia perfeito para falar sobre o que quero falar, simplemente porque hoje é o Dia Internacional do Trabalhador. O assunto é, as condições de trabalho de uma Au Pair, claro que algumas delas têm uma vida muito boa, talvez vida de sonho, mas atribuo isso à um pouco de sorte ao encontrar uma famía, não às condições que as agências proporcionam.

 Não estou aqui para abordar esse assunto com uma visão profissional, mesmo eu sendo declaradamente apaixobada por Direito do Trabalho e tenho alguns motivos para não fazê-lo. O principal motivo é que não me sinto preparada para isso, nào tenho tempo para fazer uma pesquisa aprofundada e não gostaria de dizer bobeiras sobre o assunto, outro motivo é sentimental pois, eu vivo isso no meu dia-a-dia e isso torna maior a revolta pois a situação é vista e sentida de dentro e o último motivo é por eu ser completente ignorante em relação aos Direitos Trabalhistas nos Estados (se é que existe um), o que eu sei, é o que o meu contrato de intercâmbio permite.

 Quando eu comprei o programa "Big Sister Au Pair", eu sabia que viria para os Estados Unidos para estudar, tabalhar e conhecer uma nova cultura e novos lugares, seria, em teoria, parte da família e ajudaria com as crianças. A agência te vende um sonho que fica muito distante de se tornar real.



 Talvez tenha sido muita inocência minha, mas nunca imaginei que dizer que você vai trabalhar 45 horas por semana significaria que a família tem o direito de montar o seu "schudule" do jeito que for conveniente para ela tendo apenas algumas poucas limitações, as quais são: não ultrapassar 45 horas de trabalho semanais, não ultrapassar 10 horas de trabalho diárias, ter um dia e meio livre na semana (o que não necessariamente será no final de semana) e, por último um final de semana livre no mês. Fora isso você é uma simples escrava barata a qual tem que sempre ser flexível em relação às necessidades da família. 


 Como eu tive a sorte de nem imaginar essas possibilidades, eu acho que peguei um dos piores esquemas de "schudule" possíveis e, além disso, quando conversei com a minha "host" por e-mail antes de fazer o "match", eram só flores, segundo ela não haveria necessidade de eu trabalhar mais de 40 horas na semana e ela estaria sempre disposta a fazer o melhor para nós duas, pura ilusão.


 Só não foi assim, como também descobri apenas quando eu cheguei aqui, que a família me faria trabalhar do jeito que quizesse contanto que estivessem dentro daquelas normas que eu citei acima (e tem famílias que nem isso respeita), por isso, vou enumerar alguns exemplos de coisas que considero absurdas as quais vêm acontecendo comigo todas as semanas.

 1 - Eu recebo todo domingo a noite o meu "schudule" para a semana, o que me impossibilita de planejar as coisas com antecedência e é sempre uma caixinha de surpresas.
 2 - Mesmo trabalhando por 10 horas consecutivas quase todos os dias, não existe intervalo para refeição e descanso, você come se der e o que der durante esse período, normalmente quando as crianças estão comendo e se eles precisarem que você faça algo nesse período, você levanta e faz.
 3 - Acontece regularmente de eu trabalhar em um dia das 2pm as 12am e no dia seguinte começar as 7am, ou seja, intervalo minimo interjornada é inexistente.
 4 - As 10 horas por dia não precisam ser necessariamente consecutivas, acontece muito de eu trabaljhar das 7am às 12pm e depois das 5pm as 10pm no mesmo dia e, por exemplo, amanhã eu vou trabalhar das 7:15am às 8:15am e depois voltar a trabalhar as 4:45pm. Mesmo havendo um "break" durante o dia não existe garantia que eu vá descansar pois, normalmente, as crianças se mantem brincando na porta do meu quarto e fazendo todo o barulho possível.
 5 -  Não existe feriado a não ser que você tenha uma família muito maravilhosa que te proporcione isso, o que é quase impossível.
  6 - Não tem feriado e muito menos horas extras. 

 Eu poderia passar horas escrevendo sobre coisas absurdas que a agência permite que as família façam e, se há reclamações da parte da Au Pair, pelo menos pelo que eu conheço e vejo, é sempre a Au Pair que precisa aprender a ser mais flexível. Aconteceu uma vez de eu tentar conversar com aminha "host" sobre isso, que essa falta de rotina estava me deixando cansada e estressada e a resposta dela à princípio foi que ela comprou um programa que era flexível e permitia a ela fazer exatamente o que ela estava fazendo, ou seja, ela comprou uma máquina no mercado e quer que funcione de acordo com o que diz o manual de instruções. 

 Talvez você possa dizer, você poderia ter pedido "rematch" no começo, eu juro que tentei e depois o tempo foi passando e como não tinha intenção de extender ficaria cada vez mais difícil achar uma família. Você pode até dizer, você deveria ter se informado melhor sobre isso, pois bem, eu concordo e se soubesse jamais teria feito o match com essa família, porém tenho uma amiga que era mais informada e sabia que isso era possível, ela escolheu uma família à dedo a qual permitia a ela trabalhar das 8am às 5pm todos os dias e nenhum final de semana, o "match" perfeito!!! Ocorre que, de uma hora para a outra, arbitrariamente, a família resolveu mudar o "schudule" dela e agora está quase tão ruim quando o meu. Eles acordaram um horário antes de ela vir e isso foi um grande aliado para ela tomar a decisão de escolher aquela família, porém, a Au Pair não tem vez.

 Isso me revolta e me faz pensar muito nos Direitos do Trabalhador, não como regalia, mas sim como necessidade. Me parece que Americano não tem lazer, há essa coisa de competir freneticamente e querer estar sempre à frente de todos e, sendo estrangeira, parece que eu tenho realmente que ser uma máquina de trabalhar e estar sempre muito bem disposta 24 horas por dia. Muito me espanta que uma família, ou mesmo a agência que toma conta das Au Pairs não pensem nisso, mas eu cuido de quatro, ou seja, tenho os quatro filhos de uma pessoa sob a minha responsabilidade. Eu passo muito tempo diringo eles para todos os lugares , o que significa que quanto mais descansada e disposta estou mais seguras as crianças estão, simples assim, é óbvio que se eu trabalhei até meia noite em um dia, fui dormir uma da manhã e começei a trabalhar no dia seguinte as 7 da manhã, eu não estou descansada o suficiente. Eu pensaria bem nisso antes de deixar alguém carregar a vida dos meus filhos nas mãos enquanto os dirige por ai e, acredito que pensar no bem estar da Au Pair nesse sentido é pensar no bem estar dos filhos deles. 

 E, principalmente porque, além de cansaço fisíco, ser Au Pair carrega um grande cansaço emocional, você está passando por um momento de criar uma vida nova e está completamente sozinha, você deixou tudo para trás para se aventurar, você está precisando de apoio e compreensão. A "Au Pair" simplesmente não é uma trabalhadora que vem aos Estados Unidos para ganhar dinheiro (Au Pair não ganha dinheiro), a Au Pair é uma intercambista que está querendo aprimorar seus conhecimentos. E, simplesmente, eles nos traram como alguém vindo em busca de dinheiro que tem que simplesmnete trabalhar. 

 Eu queria de verdade entender porque antes de eu vir para cá não achei nenhum Blog ou ninguém dizendo a verdade sobre as possibilidades que a família tem e as possibilidades que você não tem.

 Talvez não faça nenhum sentido o meu posto de hoje além de um desabafo aproveitando a deixa do Dia Internacional dos Trabalhadores, mas gostaria muito que de alguma forma isso pudesse ter algum impacto para que as Host Families e as agências de Au Pair possam pensar e aprimorar, pois o que temos hoje, sinceramente, é quase uma forma de comprar mão de obra escrava e legalizada pelo governo.



 Pronto Falei!!!!!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Uma aventura no Brooklyn

 Existem histórias que merecem ser escritas, apenas para que não sejam esquecidas, apesar de eu achar muito difícil esquecer de um sábado à noite, mais especificamente à uma da manhã, no qual se descobre que está no Brooklin. 



 Eu acredito muito em destino, acredito que algumas coisas estão destinadas a acontecer e outras coisas defenitivamente não podem acontecer e, nesse sábado, definitivamente, não era para eu ir para a WebsterHall como tinha planejado há um mês.
 No dia que descobri que teria um sábado de folga no curso de inglês, a primeira coisa que fiz foi reservar o hotel para ir para Nova York com minha amiga, o plano era ir para a balada em Nova York. Não que em Boston não tenham boas baladas, é que elas não fecham às 4 da manhã e muito menos se tem metro para voltar para a casa depois disso. O motivo do sábado free no curso era o St. Patricks day, que fui descobrir depois é um dia bem animado e as pessoas todas enchem a cara e se divertem nesse dia, resumo, dia perfeito para a balada.
 Como Nova York tem muito mais, o plano era se divertir, curtir a beleza e a balada, planejamos também um musical, Mary Poppins e algumas visitas à pontos turisticos.

 Como era noite de evento, tivemos que comprar antecipado o convite da festa, o que nos custou $23 cada, ou seja, tinhamos que ir... A noite começou com o musical que, por sinal, surpreendeu, não daria nada, mas até me emocionei assistindo Mary Poppins, tanto que disse para a minha amiga após o show, o sentimento que estou agora não combina com balada, combina com sentar e relaxar, uma boa conversa, um bom drink, mas estavamos prontas para ir e o metro nos aguardava.
 O metro de Nova York não é um dos melhores transportes do mundo, eu jamais diria que chega perto, é sujo, complicado, cheio de ratos, mas é uma boa opção para quem quer conhecer a cidade rápido e sem gastar muito. Desde dezembro, após um grande estudo no mapa, eu entendi como o metro funcionava e, desde então, nunca tive problemas para chegar a nenhum lugar por lá. Por sinal, a primeira vez que consegui entende-lo, eu estava indo exatamente para a Websterhall e, não teve erro, cheguei exatamente ao meu destino, então, porque teria erro dessa vez?
 Entramos no metro na linha 42, tinhamos algumas opções que parariam perto da Websterhall mas, a mais acessível era pegar a linha amarela letra N e descer na Rua 8, andaríamos alguns quarteirões e pronto, poderiamos beber e dançar a noite inteira.
 Tentando alcaçar o ponto onde pegaríamos a linha amarela fiz um comentário que talvez tenha sido meio infeliz, o segundo da noite que talvez tenha nos desviado do caminho, havia uma banda no metro, bem animada, tocando beatles, com várias pessoas em volta dançando, tava bem legal, até curtimos um pouco e fizemos um vídeo e eu comentei "talvez devessemos ficar aqui, deve estar mais animado que a balada", e é bom tomar cuidado com o que se fala.
 Talvez tenha sido falta de ouvir o conselhos, o namorado da minha amiga praticamente implorou para que fossêmos de taxi, acredito que gastáriamos $ 8 num taxi e no metro gastamos $ 5.50, vamos economizar e nos aventurar.
 Descemos as escadas e lá estavámos nós, duas moças, inofensivas, vestidas para a balada (sem blusa de frio), que nem imaginavm o que a noite esperava. Tinhámos 2 opções, pegar a letra N ou a letra R, a correta era a N que nos deixaria extamente há 3 blocos do club, ocorre que, por um descuido eu não estava prestando atenção quando o primeiro metro chegou e, a minha amiga, que estava prestando atenção gritou "esse é o N, vamos?" e entramos no metro.
 O metro fez a sua parada na rua 14, a qual daria acesso ao mesmo lugar que planejávamos ir, porém a próxima para era a 8 e continuamos esperando, ocorre que, o metro não parou na linha 8 e continuou seu rumo, o qual não era o nosso.
 Todos dizem que o metro muda aos finais de semana, e achei que era isso que tinha acontecido, as próximas paradas do metro foram todas em pontos que não podíamos descer, não tinham linha de volta, então continuamos lá, uma hora vai ter que voltar.
 Ocorre que, já não conseguia mais nos localizar no mapa que eu tinha em mãos, quando digo que sei andar no metro em Nova York isso significa Manhattan, muito diferente de Brooklyn, e por alguma força do destino, havia no mapa do trem uma rua que era extamante na rua 11th com a 4th avenida, ou seja, estávamos na balada, quando descemos do metro já assustamos com um cara com cara de sinistro que estava dizendo algo sobre murder. Talvez seja culpa da falta de criatividade dos americanos em nomear ruas, elas têm, em todos os lugares, os mesmo nomes. Descemos do metro e estávamos lá, na 4th avenida, só tinhamos que descobrir se a 3st era para cima ou para baixo, e fomos, bonitas, escolhemos o lado de cima e nada, era a 5th avenida, então só posia ficar no quarteirão de baixo e, fomos, bonitas e já com dor nos pés, nada, alguma coisa estava errada. Olhamos para o lado e havia uma placa, de um boteco qualquer que indiva onde estávamos, no Brooklyn, agente disfarça, finge que não, mas dá um certo medinho, uma hora da manhã, duas branquelas, arrumadinhas, andando sem rumo pelo Brooklyn. 

O que fazer agora? Taxi para voltar para Manhattan fora de cogitação e do alcance dos nossos bolsos, o negócio é voltar os mais ou menos 5 quarteirões que já andamos, entrar no metro novamente, esperar e voltar e, foi o que fizemos, o medo dominando, momento de aventura, uma hora depois estávamos de volta, descemos na Times Square, passamos na Walgreens, compramos sushi e Hagen Daz e fomos para o quarto do hotel, nos deliciamos e tivêmos um bom momento, com ou sem balada, estávamos em Nova York, após ver um belo musical e ter uma aventura no metro, há menos de uma quadra da Times Square, comendo bem e em boa companhia, não dá mesmo para estressar né?

 Algumas vezes eu acredito que o destino nos coloca exatamente no lugar onde deveríamos estar, não adianta reclamar, não adianta brigar, querer, o que tem que ser vai ser, as vezes também, ele nos desvia de alguns lugares onde nós não devêmos ir, e é isso ai, o que vale a pena é aceitar e aproveitar, da forma que puder.

  Tickets da Balada: $23
   Ingressos de Metro: 5.50
   Ter uma aventura no Brooklyn e história para contar: Não tem preço ;)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Brasil: A educação mandou lembranças!!!

 Qualquer pessoa que me conhece, que converse um pouco comigo sobre o Brasil  sabe que eu sou apaixonada pelo meu país e, que, o defendo com unhas e dentes. Mas, sendo bem honesta, tive um choque cultural decepcionante nos 14 dias que passei no Brasil que, me fez pensar e, pensar em como tudo seria tão melhor se o povo brasileiro tivesse um pouco mais de educação. É sábido que não se trata de 100% da população brasileira, mas há uma boa parte dela que "acha que é bonito ser feio" e não dá o mínimo valor ao que tem.

 Tenho que esclarecer que, eu amo o povo brasileiro, adoro o calor que o brasileiro tem, o contato, a amizade, a liberdade, o brasileiro é desencanado, vai chegando, e não é em qualquer lugar do mundo que consegue-se sentir tão à vontade quanto na companhia de brasileiros e, por isso, 95% dos meus amigos aqui, são brasileiros, por mais que  eu tenha vindo para conhecer novas culturas, o brasileiro te puxa, te encanta, a gente se junta, não importa de qual parte do Brasil sejámos, nos unimos, o brasileiro é um povo unido.

 A minha viagem para o Brasil foi algo planejado com 5 meses de antecedência, eu poderia escolher qualquer lugar, Hawai, Miame, Bahamas, etc, etc, etc, qualquer lugar e passar 14 dias lá, ou até mesmo em vários lugares, mas eu escolhi o Brasil, escolhi o meu estado, escolhi a minha cidade, escolhi a minha casa, o lugar onde passei 23 anos e meio, porque não há lugar que eu ame mais no mundo, por mais bonitos que sejam os lugares que conheci.

 Certamente não me arrependo da minha escolha, minha viagem foi ótima, nada como estar em casa, sentir o aconchego do lar, comer a comidinha brasileira e, com o plus de dar uma passadinha rápida para conhecer um dos lugares mais lindo que já vi, o Rio de Janeiro.

 Mas como era inevitável, assim que cheguei ao aeroporto GRU em São Paulo, senti o choque cultural, a primeira vontade foi de sair correndo e voltar para trás, achei que seria atropelada no aeroporto e, não por carros, mas pelas pessoas, que com toda a sua pressa não percebem que mão são as únicas naquele lugar e, por algum motivo não fazem a mínima questão de ser simpáticas naquele momento e se puderem, para chegar mais rápido, te atropelam.

 Depois, o Rio, ahhhhhhh o Rio, dá para suspirar em pensar no Rio, que lugar maravilhoso, a visão que se tem do Pão de Açucar, do Cristo, ahhhhhhhh, não é atoa que o Cristo é uma das maravilhas do mundo moderno, mas para que ser tão violento, para que ser tão pixado, para que ter tanta sujeira no chão, será que as pessoas que fazem isso não percebem que estão destruindo, o que, a elas mesmo pertence? Um lugar tão lindo, não precisava ser assim. E, não é só o Rio não, em todo lugar que se vá, cidades grandes ou pequenas, há pixação, há lixo sendo jogado no chão, vê-se pessoas destruindo, e, porque, para que? Não seria falta de educação? Não seria falta de concientização?

 E, no Rio, mais um choque, primeira vez saindo à noite, um barzinho na Lapa, muitas pessoas nas ruas e não entendi, tinha tanta gente olhando para mim, me encarando, foi estranho, até eu me tocar, até eu me lembrar, que alguns homens brasileiros, tem o péssimo hábito de "comer a mulherada com os olhos", de mexer com elas nas ruas, de gritar, buzinar e, devo repetir, péssimo hábito, desagradável, feio, eu me sinto inconfortável com isso e, tenho certeza, que as mulheres que se dão valor, não saem com homens que ficam mexendo com as outras nas ruas (não que elas saibam). Aqui isso não acontece, por incrível que pareça, o que menos tem aqui é gente gorda, as meninas tem corpos bem bonitos, usam shorts bem curtos e, aposto, que mesmo que elas saiam sem roupa na rua, ainda há respeito, pelo menos nas ruas, em público e, isso é maravilhoso.

 Outra coisa que não entra na minha cabeça, porque o Brasil vende uma imagem tão ruim para fora com seus filmes, com seus heróis? É engraçado dizer, e eu não estou falando de um baile funk, mas num club comum aqui, a mulherada vai quase sem roupa, dançam a "dança do acasalamente", isso quando não se "acasalam", claro que não são todas, mas é comum, se vê em todos os clubs, mas não se vê filmes americanos mostrando esse lado. Diferente dos filmes brasileiros que, vendem a imagem de mulherada fácil, sem roupa, de violência, de hérios como a Bruna Surfistinha que, não tem nada de útil para ensinar. Os estrangeiros, em sua maioria, tem uma visão horrível do Brasil, mas acredito que, a maior parte da culpa é nossa, é o que nós vendemos. O filme Rio, que não é brasileiro, realmente me impressionou nesse ponto, apesar de ainda mostrar um pouco da violência, mostra o Brasil de uma forma encantadora, vende o Brasil de uma forma emocionante, bonita, de uma forma que faz o coração pulsar, que faz querermos estar lá, naquele lugar tão especial, e isso é, o que os filmes brasileiros não fazem.

 Isso e, muitas outras coisas, a educação no trânsito, o atendimento nos bares e restaurantes, o transporte público, o Direito do Consumidor que, como advogada, mesmo não sabendo como isso funciona legalmente, eu vejo funcionar na prática e, me encanta (você é consumidor, você tem a razão), a disposição para ajudar os turistas, a segurança, e tantas outras coisas. Eu, não sou e, nunca fui, fã dos Estados Unidos, estou tento uma experiência ótima aqui em relação a tudo o que mencionei e outras coisas, porém, não troco o Brasil por nenhum outro lugar no mundo, mas sinceramente, do fundo do coração, me entristesse ver, o meu país sendo cuidado por pessoas que não dão valor para ele, dando valor apenas para os próprios bolsos, tento uma população que o desmerece, que não cuida, que não ama.

 E acho que é isso que falta para o brasileiro, aprender a amar o Brasil, acho que não há nenhum lugar no mundo tão lindo, tão cheio de riquesas naturais, tão próspero, é só se concientizar, e cuidar, e amar, e cada um fazer sua parte e teremos o melhor lugar do mundo para se viver.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Hurricane Irene e uma Fugitiva

 As primeiras informações que tive sobre o furacão Irene foram na terça-feira da semana passada, isso mesmo, o mesmo dia que teve o terremoto, e fiquei digamos assim aparavora... É terremoto num dia, furacão chegando no outro, de verdade, não estou acostumada com isso. O mais difícil é que não sabia o que pensar, as informações que eu tinha vinham de sites e das meninas brasileiras que fizeram o treinamento comigo.



 A minha host family ia viajar na quarta-feira para Maine e só voltaria no domingo, ou seja, eu estaria sozinha e num sabia nem ao menos o que pensar. Na quarta-feira acordei super cedo para perguntar para a minha host, antes de eles viajarem, sobre o furacão, pois estavamos localizados exatamente no caminho dele, na Costa Leste dos Estados Unidos. A preocupação deles com isso era como se estivesse anunciado no canal do tempo que teria uma garoa no final de semana e isso me deixou mais ainda sem saber o que pensar.

 Foi uma situação complicada, acho que me senti mais curiosa do que realmente preocupada ou com medo, é engraçado isso, mas tive aquela sensação de que isso nunca vai acontecer comigo e, graças a Deus, realmente não aconteceu.

 Fiquei um pouco mais preocupada e um pouco mais aliviada ao mesmo tempo quando, na sexta-feira, minha host me mandou uma mensagem me dizendo que antecipariam a volta deles de Maine, isso porque, o fato de eles não estarem preocupados me preocupava.

 Aqui na nossa região ela não chegou com muita força e deixou de ser um furacão e se tornou uma tempestade tropical (seja lá o que isso quer dizer), sei que ventou muito, choveu muito, muitas árvores cairam, muita gente ficou sem energia, tiveram locais alagados, mas, para os estragos que um furacão poderia causar, não foi nada.

 Estou nos Estados Unidos há menos de dois meses e já passei por um terremoto e um furacão, ambos não me atingiram de forma alguma, mas isso é demais para mim. Ainda bem que sempre tive sorte com o tempo e que a previsão do tempo nunca acerta comigo, é capaz desse ano, nevar apenas por um dia para eu ver a neve e depois voltar a ficar calor rsrs

 Para esse final de semana, eu já tinha programado com outras Au Pairs uma viagem para conhecer as Cataratas do Niagra e, fiquei um pouco na dúvida sobre ir ou não ir, mas como agente já tinha pago pela viagem, a outra opção era ficar em casa esperando o furacão chegar e, o local onde iamos estava totalmente fora do caminho da Irene, lá fomos nós.

 Quando voltamos de viagem a Irene já tinha passado, e só vimos os rastros dela pelo chão e ainda ventava muito forte.

 Literalmente nós fugimos da Irene, e passamos um final de semana ótimo, conheci as cataratas, fui num cassino pela primeira vez, claro que não foi em Las Vegas, mas valeu, e me diverti bastante com as meninas. A viagem foi ótima mas passamos, muito, muito, muito tempo dentro do bus rs.

 Acho engraçado que, no Brasil para fazer uma viagem com essa distância de carro tinha que ser pelo menos por uma semana, essa foi por menos de um dia inteiro e acho que valeu a pena, passamos mais tempo no Bus do que lá, talvez se tivesse mais gana, poderia ter conhecido melhor o Brasil.

 A única coisa ruim nisso tudo é você voltar para casa depois de uma viagem e não sentir aquela sensação reconfortante de dormir na sua própria cama, de não sentir aquele gostoso estou em casa, porque, não me sinto em casa. E quando dormir em um quarto de hotel é muito melhor do que dormir na sua própria cama, é algo para ser pensado.

 Agora só gostaria de agradecer a oportunidade de estar bem, de ter me divertido, de poder estar aqui, de poder viajar e de, apesar das saudades imensas, saber que, mesmo estando longe tenho lá a minha caminha esperando por mim quando eu quiser voltar e isso é muito bom. Obrigada!

  




quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Relato dos primeiros 45 dias de uma Au Pair

"Saímos pelo mundo em busca de nossos sonhos e ideais. Muitas vezes colocamos nos lugares inacessíveis o que está ao alcance das mãos." Paulo Coelho

 É difícil saber por onde começar, se eu fosse escrever para as futuras Au pairs poderia desencorajar muitas, mas também, encorajar outras, mas como a intenção é apenas dizer o que estou sentindo, vou começar usando a sinceridade.

 Não tem como eu dizer em um post tudo o que me aconteceu nesses últimos 45 dias, ou mais, pois há tempos não posto nada no meu blog, mas para uma Au Pair, toda aquela preocupação com o que trazer na mala, visto, carta de motorista, despedida, é bobagem com o que vai acontecer depois que você chegar aqui. Cada um tem uma forma de encarar as coisas da vida e eu, apesar de ser dramática, sempre fui forte, sou daquelas que se doer eu vou chorar, espernear, e depois, pronto, passou, mas existem horas que agente não consegue encontrar forças, que agente não quer mais e, de qualquer forma, mesmo não sendo forte, ou não querendo ser forte, você vai ter que dizer pronto, passou.

 Acho engraçado que, minha mãe, não queria que eu viesse, ela me deu suporte, mas ao mesmo tempo ela me desencorajava e eu me lembro de ter tirado sarro dela uma vez, ela me disse que eu voltaria em dois meses, e eu, toda corajosa, toda sabendo que faria algo maravilhoso em minha vida respondi que, na verdade em dois meses ela viria aqui para me buscar. Conclusão: Com duas semanas aqui, eu liguei para minha mãe e para o meu irmão, chorando muito e dizendo que queria voltar para a casa, que não aguentava mais, e essa não foi a única vez que isso aconteceu e, quem me conhece sabe que tenho um pinguinho de orgulho que não me deixaria fazer isso, a não ser que eu estivesse desesperada.

 Esses meus primeiros 45 dias aqui foram uma mistura de conhecer gente nova, algumas pessoas que já são especiais, conhecer lugares novos, de gastar dinheiro e de sofrimento de muitos tipos... Meu Deus como é difícil essa adaptação!!! Eu achei e, ainda acho as vezes que vou enlouquecer, sou instável, mas nunca mudei tanto de idéia em tão pouco tempo e nem me senti tão confusa quanto nesses dias. Já pensei em voltar para o Brasil, cheguei à procurar passagens para a semana, já pensei em voltar para o Brasil em janeiro, já pensei em extender meu programa, já pensei em terminar o programa e depois voltar, e o que mais pensei foi "O que estou fazendo aqui?". Em uma das noites, após de um dia horrível, eu deitei na minha cama e rezei (a minha maneira) e perguntei para Deus qual era o sentido disso, porque eu estava aqui, e a primeira coisa que senti foi saudade de casa, das minhas gatinhas, da minha mãe, do meu irmão, do meu pai, da minha cama, do meu quarto, e da minha vidinha confortável que estava de cabeça para baixo mas eu podia controlar. Essa sensação me fez pensar que eu vim até aqui para descobrir que tudo o que eu preciso eu tenho na minha casa, talvez seja esse o motivo de eu ter vindo, ou não.

 Motivos de sofrimento: 

 - Existem pessoas no Brasil que sabem falar inglês, outras que acham que sabem, ou que sabem falar inglês com brasileiros, eu não me encaixava em nenhuma dessas categorias, tinha consciência de que meu inglês era ruim, mas me comunicava muito bem nas minhas aulas, então achei que não teria tantos problemas, um dos maiores sofrimentos, as pessoas falam diferente aqui, falam mais rápido, tem sotaque e, principalmente não me entendem, porque eu tenho sotaque. Quantas vezes não deixei de falar por medo de errar ou não encontrar palavras, quantas vezes estava falando e faltou vocabulário e não consegui terminar, quantas vezes não entendi o que os outros queria dizer, e quantas dores de cabeça após ouvir vários americanos falando ao mesmo tempo. Estou melhorando, mas meu inglês ainda está horrível.

 - As crianças: Minha família aqui tem 04 crianças, já falei sobre isso, os dois meninos mais velhos parecem adultos para mim, não me dão trabalho, agora tive muitos problemas com os dois mais novos, em primeiro lugar sou a primeira au pair da família e eles não entendem muito bem, em segundo lugar aqui os filhos choram e os pais dão tudo, ou seja manhã para eles é apelido, em terceiro lugar, acho que é universal, as crianças ficam insuportáveis perto dos pais, em quarto e o mais importante, o que nunca me aconteceu no Brasil em um mês em uma escolinha com 60 crianças, eles me batem, exatamente, eles empurrão, chutam, e inclusive tomei uma mordida que me deixou uma marca daquelas no braço, o respeito das crianças pelos mais velhos aqui é 0 e, mesmo quando eles fazem isso com os pais, os pais aceitam, as vezes, no máximo um time out de 5 minutos. Mas também as vezes eles são ótimos, por exemplo, ontem tive um dia maravilhoso com eles, é claro que não foi perfeito, mas foi muito bom.

 - Saudades: Não precisa nem comentar neh??? Mas o pior nesse ponto, é que quando bate a saudade você não tem nenhum suporte, não tem aquele amigo em que posso confiar, não tem sua gatinha pra abraçar, não tem nada que lhe seja familiar e te faça sentir melhor e não adianta, internet ajuda, mas não diminui a distância, estou falando aqui de calor, de ter as pessoas perto, de olhar nos olhos e não através de uma câmera.

 Com tudo o que me aconteceu durante esse tempo, eu procurei passagem para ir para o Brasil, pedi rematch, tentei desistir do programa, mas ainda estou aqui e agora me sentindo melhor, claro que os problemas existem, a saudade bate, mas aos poucos as coisas vão melhorando, você pode até passar a gostar da sua host family e você pode aproveitar que está aqui para aproveitar. Tem duas coisas maravilhosas para se fazer aqui, viajar e comprar. Nem preciso dizer o quanto é gostoso ir nas lojas e comprar aquelas coisas de marca absurdamente caras no Brasil por um preço bem mais acessível e viajar é sempre bom.

 Ainda não me descobri, não mudei 100%, mas aprendi bastante coisa aqui, principalmente relacionada a família, um dia, talvez eu vou ter a minha e esse aprendizado será bastante importante, principalmente em relação à criação dos filhos.

 Eu adoraria escrever e dar detalhes de tudo, de como me senti quando cheguei aqui, de como foi minha primeira e segunda e terceira viagem com a família, de como é gostoso passar uma tarde de domingo em Boston, das pessoas que conheci aqui, mas, como esse tempo todo estava pensando em desistir, desisti do meu blog também.

 Em novembro vou realizar meu sonho de criança: Disney, em janeiro vou para o Brasil matar um pouco das saudades, ou criar mais saudades, mas ainda estou aqui, e sei que há uma razão... Então só o que tenho a dizer é obrigada pela oportunidade, pelo coragem e por tudo. Existem pessoas com milhões de planos que não colocam em prática, eu posso até errar, mas tento fazer o que meu coração acredita ser certo e com isso estou aqui...

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Agendamento da Entrevista para o Visto Americano (Prévia do DS-160)

 Como está difícil para eu postar alguma coisa sobre meus preparativos, pois estou totalmente perdida com tudo, resolvi postar alguma informação útil, "Como preencher o seu Formulário DS-160", mas como o post ficou muito extenso resolvi divií-lo em Agendando a entrevista para o Visto Americano e Como preencher o seu formulário DS-160, ambos voltados para Au Pairs, mas quem sabe não possa ajudar outras pessoas também, é só preestar atenção nas diferenças. Sobre o DS-160, eu pesquisei bastante na internet para conseguir preenchê-lo e devo dizer que, por mais que pareça, ele não é um bicho de 07 cabeças, é apenas um pouco chatinho e você deve concentrar toda a sua atenção nele. Para quem preencheu o App da AupairCare, esse formulário não é nada.

 O principal motivo de eu estar postando sobre isso é que a representante da minha agência me disse que não poderia me ajudar em nada, que ela não podia dar nenhuma dica sobre o visto e, apenas me indicou alguns despachantes aos quais eu poderia pagar para fazer isso por mim e me enviou umas dicas da STB que por sinal estavam totalmente desatualizadas.

 Eu optei por não pagar despachante porque, primeiro o atendimento dos três que liguei foi péssimo, sendo que um deles ainda me enviou informações de como fazer para conseguir o visto para o Canadá (eu não estou afim de ir para o Canadá no momento). No começo fiquei um pouco perdida, mas como estou com o meu visto em mãos acredito que não tem necessidade de despachante para isso.

 Primeiramente você precisará agendar a sua entrevista do visto, como no nosso caso o visto é o J1, é mais fácil conseguir uma data, apesar de que quando fui agendar a minha entrevista haviam apenas duas opções, dia 22 de junho ou dia 28 de julho, dois detalhes, a minha viagem estava marcada para o dia 10 de julho e o meu formulário DS-2019 estava previsto para chegar no Brasil no dia 20 de junho, então foi torcer para que tudo desse certo.

 O site para o agendamento da entrevista do visto é o http://www.visto-eua.com.br , assim que entrar no site você deverá clicar em "Informações e Agendamentos" (lado esquerdo da página). Em primeiro lugar você deverá pagar uma taxa de agendamento no valor de R$ 38,00, essa taxa pode ser paga em débito em conta, boleto bancário do Citibank ou por cartão de crédito. Eu optei pelo pagamento com cartão de crédito por agilizar o processo, pois assim, automaticamente você já pode continuar o seu agendamento. Se está for a sua opção também é só preencher os seus dados pessoais e os dados do cartão de crédito.

 No caso de Au Pair o propósito para a viagem é "Entrar nos EUA para Intercâmbio" então selecione essa opção, haverá um espaço para tempo de duração da viagem, não se preocupe esse campo não abre mesmo, você não vai conseguir preenchê-lo.

 Quando você faz o seu match com a família, a AuPairCare (minha agência no caso) irá enviar para o Brasil um formulário preenchido por eles lá chamado DS-2019 e um comprovante de pagamento da taxa SEVIS, nesse momento eles irão te perguntar se você tem esses documentos, marque sim tanto para o formulário quanto para o comprovante, mesmo que ainda não tenha recebido. PS: Certifique-se de que na data da entrevista do visto estará com esses documentos em mãos, converse sobre isso com a sua agência.

 Vou abrir um parenteses aqui para falar da minha situação, a família fechou comigo no dia 09 de junho e a minha representante aqui me deu uma estimativa de 20 dias para esses documentos chegarem, ou seja, chegariam no dia 29 de junho, sendo assim eu jamais viajaria no dia 10 de julho. Eu conversei com a minha Host e expliquei para ela a situação e ela conversou com a representante local da AuPairCare nos Estados Unidos e de alguma forma mágica esse formulário chegou em São Paulo no dia 15 de junho (mesmo com a previsão mínima de chegar em 20 de junho), acabei ainda pagando um boy para ir buscá-lo para mim para não ter erro de o malote não chegar na STB de Sorocaba.

 Após abrirá uma página com informações do consulado sobre a taxa do visto J1 (Não sei qual a agência que você está fazendo, mas como disse, as dicas da minha agência estavam desatualizadas e a taxa corerta do visto hoje é de $140), entre outras, leia essas informações e concorde com os termos.

 Essa taxa deverá ser paga em uma agência do Citibank com a cotação do dolar no dia do pagamento, não se esqueça de levar o seu passaport para pagar essa taxa.

 Agora é a hora de você escolher uma data para a entrevista, é importante que você esteja com o formulário DS-2019  e o comprovante de pagamento da taxa Sevis em mãos na data que escolher, também que não seja muito longe nem muito próxima a sua viagem, acredito que uns 20 dias antes seja o ideal, para mim funcionou assim. Abrirá uma tela como está para você selecionar a data desejada e, sim, as únicas datas disponíveis são as que estão em verde.



 Após escolher a sua data ele te dará o link para o preenchimento do formulário DS-160, se as dicas da sua agência também falavam em DS-157 ou DS-158, ou qualquer outra coisa, esquece!!! O formulário que tem que preencher é o DS-160, sendo você turista, intercãmbista, ou seja lá o que for, é um formulário único agora.

 Você deverá acessar esse site: https://ceac.state.gov/GENNIV/default.aspx

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Homenagem à minha Melzinha

 Mel, até agora eu não consegui entender o que aconteceu meu anjo, você, sempre tão forte, tão independente, tão guerreira, foi nos deixar assim, de uma hora para a outra, por um motivo tão bobo e que te causou tanta dor e sofrimento. Me sinto triste, muito triste por ter te perdido, mas me sinto feliz, muito feliz por ter tido a oportunidade de ter você tanto tempo ao meu lado, mesmo às vezes eu não merecendo.



 Já tive inumeros gatos na minha vida, mas jamais vou me esquecer do dia em que te vi pela primeira vez, eu havia ido à um parque de diversões que estava montado onde hoje é o Itu Novo Centro, não me lembro exatamente a data, mas era um domingo, imagino que 19 de novembro de 2006. Eu estava lá com uma amiga e sua família, já tinhamos ido em alguns brinquedos e estávamos indo embora quando resolvemos olhar os animais que estavam sendo doados pela Zoonoses e você estava lá, naquela gaiolinha.

 Tenho certeza que o destino me colocou ali, naquele lugar tão improvável de eu estar, naquele momento, para que eu olhasse para você e sentisse que deveria te levar para casa, haviam outros vários gatos na mesma gaiolinha que você, miando desesperadamente, mas você estava lá, entre eles, tão pequena e dormindo. Eu num tinha a intenção de levar um gato para a casa novamente, eu já havia sofrido muito por perder gatos anteriormente e, eu sabia, que minha mãe não ficaria muito feliz com a ideia de eu ter mais um gato.

 Mas ali, naquele momento, algo dentro de mim me fez dizer à minha amiga "Eu vou levar àquele gato", eu ainda nem sabia se era macho ou fêmea, e falei para a moça da Zoonoses que te levaria, exitei várias vezes, pensei, pensei e pensei enquanto assinava o termo de adoção onde te chamei de Mallory, mas por algum motivo que agradeço até agora eu não desisti e sai com você de lá.

 Me lembro também que no caminho me arrependi por alguns momentos, estava voltando apé para casa, com você no colo e você, estava tão desesperada, me arranhando e mordendo tanto que, passou pela minha cabeça voltar e te devolver, eu lembro o sentimento que tive e lembro que por algum motivo maior, talvez o mesmo que tenha me levado até a gaiolinha onde você estava, não desisti de você e te levei para a casa. Naquele mesmo dia, formou uma tempestade horrível e fiquei em casa, era para ter um rodeio onde o parque estava montado e até foi cancelado e, me lembro que você me fez companhia, e essa foi a primeira vez em muitas que você me fez companhia.

 Melzinha, jamais me esqueci desse dia, dessas sensações, porque por diversas vezes eu agradeci por não ter mudado de ideia, agradeci por ter estado ali naquele exato momento e por ter tomado a decisão que certamente foi uma das mais felizes da minha vida, pois eu não levei só um gato para a casa, levei uma companheira e amiga que se eternizou em meu coração.

 Sei que, sempre fui um pouco "Felicia" com meus animais e você sempre foi muito independente, não gostava de dormir comigo, sumia e eu tinha que ficar te procurando, quantas vezes não me lembro de ter chegado à noite da faculdade naquele frio e ter ido pegar a escada para te salvar porque estava em cima do telhado e por algum motivo que não entendo (você era um gato) você ficava miando e não descia e, eu, que não dormia sem você, ia te salvar.

 Meu apego era tanto que eu tinha muito, muito medo de te perder, você fazia parte de mim, era sempre a minha companhia, depois que você entrou em minha vida eu não ficava mais sozinha e você era muito importante para mim. Jamais me esqueço de um amigo que percebeu isso, ele também tinha um gato, e esse amigo sem imaginar o quão especial era o que ele estava falando uma vez disse " Olha como a Val olha para a Mel, ela olha diferente do jeito que olha para os outros gatos", ele sem querer, sem imaginar, percebeu que você havia me cativado, que para mim, apesar de haver milhões de gatos no mundo, voc~e era a única, a minha Melzinha.

 Me lembro também que esse medo de te perder fez com que eu a deixasse "engravidar" e após fiquei com uma de suas filhas, que até hoje não tem um nome oficial, porém é chamada de "Sara", eu sentia por ela o mesmo que senti por você, mas tendo ela comigo eu consegui te libertar, eu sempre soube que você nunca gostou do meu jeito "Felicia" de ser e que queria ser mais livre, não ter de dormir no meu quarto todas as noites e passear um pouco por ai. Acredito que substitui o meu apego, mas nunca, nunca, jamais, deixei de gostar de você, apenas aprendi a respeitar o seu jeito de ser, que era diferente da Sara que já adorava se enrolar no meio das minhas cobertas.

 Depois também, o mesmo medo me fez ficar com uma filhote da Sara, a Phoebe, que por algum motivo é ainda mais carinhosinha que vocês duas e acredito que, não ao extremo, aprecie meu jeito de querer vocês o tempo todo.

 Mel, eu não me preocupava muito com você, e não é por maldade, não é porque eu não gostava de você, aliás, você sabe, sempre que te via te dizia que te amava, assim como faço com as outras duas. A diferença é que, você era independente, você passava dias fora de casa mas eu sabia que ia voltar morrendo de fome, você não gostava de dormir presa, mas eu sabia que estava lá, te vi várias vezes doentinha e você, mesmo sem os melhores cuidados foi forte para superar, acho que eu pensei que era uma heroína, que ao invés de 07 tinha um milhão de vidas, porque para mim você jamais sairia da minha vida.

 Nos últimos anos, acredito que nos últimos 02, eu te vi bem doentinha, com problemas no útero que te deixou bem magrela, com problemas no pulmão que me fez achar que você não ia aguentar, mas você sempre superava, parecia que sozinha resolvia todos os seus problemas. Infelizmente, eu não tive condições de cuidar tão bem de você antes, e felizmente você sempre foi forte e superou tudo isso sozinha.

 Em novembro eu pude te operar como você precisava, foi difícil porque antes da sua cirurgia você ficou uma semana sem aparecer em casa, e me lembro bem que, no dia que você chegou, mais ou menos umas 20h00 eu te enfiei na caixinha e te levei no veterinário correndo, sorte que ficava aberto até às 21h00, e sua filha Sara estava lá, vocês foram operadas no mesmo dia, um feriado e ficaram muito bem.

 Após, eu estava toda orgulhosa e te mostrava para todo mundo, a Minha Melzinha antes tão doentinha estava bem, estava bonita, muito cuidada, não podia mais ser chamada de magrela (aliás como você engordou) e eu estava muito feliz e completa, como me sentia quando estava com vocês três por perto.

 Jamais vou esquecer das suas manias, de roçar na perna de todos que fossem à cozinha e miar desesperadamente pedindo a carninha que a sua "avó" te acostumou a comer, de não comer a ração se estava parada no potinho, mas se eu apenas fosse lá e mudasse a posição comia, de tomar água no bide do banheiro, de ficar miando na minha janela para entrar e para sair e dos locais em casa onde sempre estava deitada, em cima do sofá, na cadeira do escritório, no arquivo do escritório e na mesa do telefone.

 Ainda estou olhando esses lugares e procurando você, ainda não acredito que você não vai voltar, porque a Mel sempre volta para casa, a Mel é forte, a Mel é independente. É engraçado que, com esse negócio de viajar para fora do país, eu cheguei a comentar com alguém que tinha mais preocupação com as duas mais novas, pois você era autosuficiente e sabia se virar sozinha.

 Te levei no veterinário na semana passada por uma ferida no pé, antes não tivesse levado e você tivesse ficado com a patinha inflamada, talvez assim, não tivesse saído para caçar, antes eu não tivesse aberto a porta para você na sexta à noite quando eu estava tirando o meu cochilo e você ficou miando insistentemente para sair de casa, antes eu tivesse te trancado em casa, não tivesse te dado tanta liberdade, não sei, fico imaginando o que eu poderia ter feito para ter evitado, e sempre chego à mesma conclusão: NADA!

 Eu tenho certeza que você sofreu com o que aconteceu, que não foi indolor, você passou por uma cirurgia delicada, ficou com àquela cara de boba que foi a última que vi em você, mas também tenho certeza de que, no momento que pegou àquele passarinho (infeliz) você se sentiu uma heroína, uma caçadora, porque era seu instindo, e claro, sei que uma vitória não vale uma vida, mas espero que tanha valido a pena para você e tenho certeza de que, mesmo se você soubesse o que ia acontecr depois, teria feito a mesma coisa, não tinha como evitar, é o que você era, uma gata, linda e livre que certamente se sentia vitoriosa quando conseguia sua presa.

 O que aconteceu me fez pensar muito na vida, Melllllll doeu muito e como doeu, ainda doi e eu estou segurando para não começar a chorar novamente, e aconteceu justo agora que eu vou viajar, justo depois de eu ter sonhado que alguém me dizia que vocês, minhas gatas, ficariam bem comigo longe e que estariam esperando por mim quando eu voltasse. O que aconteceu me fez pensar muito, tantas vezes eu mereci te perder e te pedi justo quando você estava melhor, assim, de uma hora para outra, por uma bobeira que jamais podia imaginar.

 Mas tenho que aceitar, é difícil, doi, mais tenho que aceitar, espero que você, dai onde está olhe por sua filha e sua net que são muito importantes para mim enquanto eu estiver fora, chego até a pensar em não viajar, mas você, livre como era não iria querer isso.

 Você pode ter certeza que você foi uma das coisas mais importantes que aconteceu na minha vida, você me deu um presente maravilhoso que é a sua filha, que me deu um presente maravilhoso que é a sua neta, e me troxe muitas alegrias. Só tenho à agradecer por tudo e me desculpar se não cuidei melhor de você, tenho certeza que foi assim porque tinha que ser, mas queria muito, muito, muito ter você de volta, para poder dividir uma ração de saquinho em três e depois ver que você foi a que mais comeu e ainda ficou lambendo o chão.

 Mel, Mel, Mel, vou sentir sua falta, nunca vou te esquecer, será eterna em minha memória e espero que esteja bem onde estiver e descanse em paz. Obrigada por tudo e Adeus meu anjo. Te amo eternamente!